sexta-feira, 24 de junho de 2011

Juventude e empreendedorismo cultural

                                                                                                                                   Por Marcelo Rocha*

 Cerca de 50 milhões de brasileiros encontram-se na faixa etária dos 15 aos 29 anos, sendo 11 milhões deles só no Estado de São Paulo. Na região metropolitana de São Paulo, cerca de 25% são membros ou participam de algum grupo de criação cultural, de acordo com pesquisa "Juventude: Cultura e Cidadania" da Fundação Perseu Abramo.
 Apesar de a cultura muitas vezes não ser entendida como prioridade nas políticas públicas para juventude, o envolvimento direto ou indireto do jovem em atividades artístico-culturais tem papel fundamental nessa etapa do desenvolvimento, contribuindo para que ele reflita sobre seu lugar no mundo, além de ser um elemento fundamental para formação da identidade, integração social e prevenção de situações de risco, como violência, consumo e tráfico de drogas, entre outros.
 Ainda que as ações ligadas à cultura estejam muitas vezes voltadas a uma perspectiva inclusiva que vise minimizar possíveis problemas decorrentes das condições de vulnerabilidade enfrentadas pelos jovens, é importante compreender a importância da própria criação artístico-cultural e da possibilidade de acesso do jovem a meios que viabilizem essa criação. Exemplo disso é o relato de um jovem contemplado em 2006 e 2008 pelo Programa Vai da Prefeitura do Município de São Paulo.
 O jovem empreendedor explicou que o VAI tinha mudado sua vida, mas que ele não queria que pensassem que o programa estava simplesmente "ajudando os garotos pobrinhos", e sim que, pela primeira vez, ele estava recebendo recursos para realizar um projeto da própria autoria.
 É dentro dessa perspectiva ligada ao empreendedorismo cultural que alguns jovens artistas vêm desenvolvendo seus trabalhos, a partir de atividades geradoras de renda e baseados muitas vezes em princípios de cooperação e solidariedade. Exemplo disso é o Circuito Fora do Eixo, formado há cinco anos por jovens produtores culturais de Cuiabá, Rio Branco, Uberlândia e Londrina que se uniram com o intuito de fazer circular bandas independentes.
 Porém, ainda que os grupos de empreendedores culturais tenham aumentado, ser um jovem artista ainda é um desafio nos dias de hoje, pois muitas vezes lhe falta o acesso à informação sobre as diversas fontes de financiamento público e privado, incluindo editais, prêmios, leis de incentivo e fomento, ou mesmo a qualificação para estruturar um projeto para angariar apoio.
 Pensando nessas dificuldades, foi criado o Cade - Centro de Apoio ao Desenvolvimento e ao Empreendedorismo. No Cade, aquele que tem entre 15 e 29 anos e reside no Estado de São Paulo tem à sua disposição todo tipo de informação sobre possibilidades de financiamento, dicas a respeito da estruturação de projetos culturais, cursos de aprimoramento de suas habilidades e até bate-papos com jovens empreendedores.
 Essa ação pode parecer pequena diante de todos os desafios postos para a juventude, mas é uma iniciativa pioneira - e que já começa a produzir resultados - para garantir a democratização do acesso aos meios necessários à produção cultural jovem. Hoje, a produção de bens culturais é o primeiro item da pauta de exportações americana. Vale a pena pensarmos nessas questões na formulação de políticas públicas para a juventude.

*Marcelo Rocha é formado pela Universidade de São Paulo, especializado em gestão pública e estratégica e em relações internacionais (Política Internacional), atuou em multinacionais de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) e entidades empresariais, nos campos das relações institucionais e governamentais. É presidente da Associação Horizontes, entidade cuja atuação enfatiza a educação e a qualificação profissional como forma de combate à exclusão social e de geração de emprego e renda. Parceiro e colaborador do Iats - Instituto de Administração para o Terceiro Setor Luiz Carlos Merege. Contato: marcelo@ah.org.br

terça-feira, 21 de junho de 2011

Economia X Cultura? Não mais!

O BNDES e a Economia da Cultura

Dentre as maiores riquezas do Brasil encontram-se, sem dúvida, suas várias formas de expressão cultural. Uma cultura plural, pujante, que nos identifica, nos diferencia e nos orgulha.
Para o BNDES, contudo, cultura é ainda muito mais: é uma alavanca para o desenvolvimento socioeconômico sustentável do Brasil. A diversidade cultural do País é um grande ativo a ser empregado em prol da riqueza e do bem-estar da sociedade brasileira.
BNDES CulturaA economia da cultura é um setor estratégico e dinâmico, tanto pelo ponto de vista econômico como sob o aspecto social. Suas diversas atividades geram trabalho, emprego, renda e são capazes de propiciar oportunidades de inclusão social, em particular para jovens e minorias. Para isto contribui sobremaneira a característica intrínseca da economia da cultura de atuar com a diversidade.
Baseados em criatividade, ideias, conceitos e valores geradores de propriedade intelectual, os bens e serviços culturais são ativos intangíveis que integram a chamada “ecoBNDES Culturanomia do conhecimento”, base de sustentação das economias nacionais.
No Brasil, a economia da cultura tem ainda vasto potencial de produção e distribuição de riquezas de forma sustentável. A missão do BNDES, portanto, é a de estimular e contribuir para o desenvolvimento das empresas criativas e dos agentes criadores, ampliar e dar mais eficiência ao mercado de bens e serviços culturais, com sustentabilidade econômica e ganhos sociais.
BNDES Cultura
Para tanto, o BNDES oferece ao setor cultural um diversificado conjunto de instrumentos de apoio financeiro, com recursos não reembolsáveis, financiamentos e capital de risco.
 
Além de investir em projetos e empreendimentos do setor cultural, o BNDES valoriza a cultura brasileira oferecendo uma programação de exposições e espetáculos gratuitos e abertos à população em sua sede, no Rio de Janeiro. O Espaço BNDES aproxima o público de manifestações artísticas que expressam a cultura nacional, com exposições realizadas na Galeria BNDES e com eventos como o já tradicional Quintas no BNDES, que, em 2009, completou 25 anos de existência. 
 
 

III Roda de Conversa do CADE

Ladislau Dowbor: A economia da criatividade - Le Monde Diplomatique Brasil

Ladislau Dowbor: A economia da criatividade - Le Monde Diplomatique Brasil

Programa Municipal de Fomento à Dança tem inscrições abertas

Interessados podem trazer seus projetos pessoalmente no Departamento de Expansão Cultural até 22 de julho


O Programa Municipal de Fomento à Dança, coordenado pelo Departamento de Expansão Cultural da Secretaria Municipal de Cultura, recebe inscrições de projeto até dia 22 de julho. Os interessados devem trazer toda a documentação exigida ao endereço Avenida São João, 473, 6o andar, entre 10 e 12h e 14 e 17h. Não serão aceitas inscrições pelo correio ou e-mail.


Para este edital, o total de recursos é de R$ 1.926.245,77, sendo que cada projeto não poderá ultrapassar o valor de R$ 300 mil. Até 10 projetos poderão ser contemplados.

Programa Municipal de Fomento ao Teatro tem inscrições abertas - Portal da Prefeitura da Cidade de São Paulo

Programa Municipal de Fomento ao Teatro tem inscrições abertas - Portal da Prefeitura da Cidade de São Paulo

segunda-feira, 20 de junho de 2011

6ª Mostra Mundo Árabe de Cinema


Gestor cultural, o profissional do futuro

Fonte: Leonardo Brant no site Cultura e Mercado

 Estamos falando de um dos mercados mais potentes do mundo e um dos que mais cresce e se revigora a cada dia. De algo tão necessário ao ser humano como comer e respirar. De uma atividade que dá sentido ao ser humano, significa sua vida e projeta seu futuro.
 Além dos mercados tradicionais, supostamente em crise, como o cinema, a indústria fonográfica e editorial, atropeladas pelo advento das tecnologias de informação e comunicação, surgem a cada dia novas formas de significar a presença do ser humano na Terra, de criar utopias, planos de futuro, ou simplesmente de amenizar o sofrimento de quem ainda não encontrou sua autonomia em relação ao próprio imaginário.

 Os códigos culturais antes dominados por impérios, igrejas, estados autoritários e grandes corporações estão cada vez mais ao alcance de todos nós. A teia que se forma em torno dos elementos culturais, diversos, controversos, livres, colaborativos e, ao mesmo tempo, controlados, sistematizados, formatados, lineares, é cada vez mais complexa. Exigem dos terráqueos contemporâneos uma capacidade de decodificação, síntese e diálogo constantes.
 O gestor cultural se habilita a esse exercício constante, com um diálogo permanente entre as formas mais lineares e alienantes do conhecimento e as mais revolucionárias maneiras de criação e conexão com os universos paralelos do sentido. Um diálogo que possibilita, ao mesmo, implodir e reforçar os sistemas estabelecidos de poder.
 Um profissional detentor de uma chave mestra, capaz de promover a livre expressão e arbítrio, e de revelar os sistemas de cerceamento de conhecimento, opinião e expressão, aptos a afugentar os medíocres, robotizando-os em lógicas binárias e sistemas bancários.
 Antes de qualquer coisa, um profissional pautado pela ética. Não necessariamente pautado pelo bem, mas um bom conhecedor do mal que há dentro de si.
 Algumas características são marcantes nesse profissional, que ganha espaço a cada dia não somente nos mercados tradicionais de cultura e comunicação, mas em várias esferas da sociedade. São elas:
  • A constante reflexão em relação a tudo o que faz.
  • Alto poder de aplicabilidade daquilo que pensa naquilo que faz.
  • Participa da vida política, articula e trabalha em rede.
  • É familiarizado com a língua e a lógica do mercado.
  • Subverte a lógica do mercado, propondo novas formas de superação.
  • É empreendedor e criativo.
 É claro que estou idealizando este profissional, mas ao mesmo tempo reconheço-o em corpo presente nos corredores dos inúmeros empreendimentos culturais com que tenho contato pelo Brasil e pelo mundo afora.
 Alguém que, como o artista, se prepara como nenhum outro para lidar com as incertezas de um tempo que colhe os frutos do desenvolvimento tecnológico e da ciência, mas ao mesmo tempo paga a conta da irresponsabilidade para com seus pares, seu planeta e com a vida.

Bem-vindos ao BLOG do CADE!

O BLOG DO CADE começa suas atividades com o intuito de compartilhar conteúdo de qualidade com o público, sempre levantando questionamentos acerca da CULTURA, da produção cultural, do empreendedorismo e da gestão de bens culturais.
Queremos refletir e debater como a cultura é vivenciada, percebida e praticada no Brasil. Do ponto de vista de nosso bem-estar como cidadão e de sua importância para a economia, pensando no amplo cenário brasileiro e levando em conta as especificidades regionais da produção cultural.
Sejam bem-vindos e sintam-se convidados a refletir conosco.

Equipe CADE